Procedimento mobilizou equipes de diferentes regiões do país, emocionou profissionais e familiares, e reforçou o compromisso do município com a política de doação e transplantes

O Pronto-Socorro de Várzea Grande viveu, na manhã deste sábado (06), um capítulo histórico em sua trajetória: foi realizada a primeira captação de coração da história da unidade e do município. A operação mobilizou equipes especializadas vindas da região Central do Brasil e do Nordeste, por meio das Redes Interestaduais de Saúde (RIS), responsáveis pela retirada do coração e do fígado de uma jovem paciente doadora.
Este foi o terceiro procedimento de captação realizado apenas em 2025, sob a atual gestão, consolidando o avanço de Várzea Grande nas políticas de doação de órgãos e ampliação da assistência hospitalar.
A subsecretária do Hospital e Pronto-Socorro, Érika Carvalho, destaca a relevância do momento. Segundo ela, o feito representa não apenas uma conquista estrutural, mas um marco social.
“Mesmo diante de uma estrutura pequena, temos construído uma equipe dedicada, preparada e comprometida em oferecer esse serviço que beneficia não só Várzea Grande, mas o Brasil inteiro. Em meio à dor, conseguimos levar esperança e vida para muitas pessoas”, afirmou.
Érika reforça que a decisão da família, tomada em um momento de grande sensibilidade, transformou luto em solidariedade, reacendendo a esperança de pacientes que aguardam na fila de transplantes.
A médica Adriana Podanowski, coordenadora da Comissão Interhospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIDOTT), explica que procedimentos dessa magnitude exigem alinhamento absoluto entre diversas equipes.
“Tudo precisa ser feito com precisão, zelo e agilidade. A equipe local trabalha em sintonia com a Central Estadual de Transplantes para garantir que cada etapa ocorra no tempo certo. É um esforço conjunto que envolve capacitação, preparo emocional e compromisso com a vida”, pontuou.
O momento da despedida da doadora emocionou familiares, amigos e profissionais. Um corredor de homenagem, silencioso e carregado de gratidão, foi formado dentro do hospital. Toda a operação contou com apoio da Guarda Municipal, Polícia Militar, CIOPAER, Força Aérea Brasileira (FAB) e da Secretaria Estadual de Saúde, assegurando segurança e rapidez em cada etapa.
Por se tratar de um órgão extremamente sensível, o coração foi levado a um ponto de apoio próximo ao hospital e, em seguida, transportado de helicóptero até o aeroporto, respeitando o limite máximo de quatro horas entre a retirada e o transplante no receptor. O fígado seguiu para o Nordeste, conduzido por outra equipe médica especializada.
Durante a operação aérea, um gesto simples fez grande diferença: o morador Junco Garcia cedeu o próprio quintal para o pouso do helicóptero, permitindo que a transferência fosse realizada com ainda mais agilidade.
“O que for possível a gente ajudar para o bem, será sempre bem-vindo. A equipe da polícia perguntou se poderia pousar aqui, e de pronto eu concordei. É gratificante saber que meu quintal ajudou a salvar vidas”, disse.
A secretária municipal de Saúde, Deisi Bocalon, ressaltou o impacto do gesto da família e o empenho de todos os profissionais envolvidos.
“Hoje celebramos um ato de amor em meio à dor. A doação de órgãos é uma luz para quem espera por uma nova chance, e ver o Pronto-Socorro alcançar esse marco nos enche de orgulho. Que essa ação inspire outras famílias”, afirmou.
A primeira captação de coração realizada em Várzea Grande simboliza um avanço expressivo para a saúde pública do município e reafirma o compromisso da rede local em transformar vidas por meio da solidariedade e do cuidado.

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